A estimativa de recuperação é menor que a calculada anteriormente.
Estudiosos da Universidade de Purdue, em Indiana, descobriram recentemente que a Terra pode se recuperar do aquecimento global em um espaço de tempo menor do que o calculado anteriormente. Mas isso pode não ser necessariamente uma boa notícia para a população atual, já que, segundo os pesquisadores, o período de recuperação estimado é de 40 mil anos.
O trabalho, liderado pelo professor de ciências terrestres e atmosféricas Gabriel Bowen e publicado na última edição da Nature Geoscience, analisou os níveis dos isótopos carbono-12 e carbono-13 em sedimentos de rocha depositados no solo há 46 milhões de anos, quando o planeta passou por um evento climático que aumentou a temperatura da Terra em cerca de 5°C. VEJA►►
"Durante esse evento pré-histórico bilhões de toneladas de carbono foram lançadas no oceano, na atmosfera e na biosfera, causando um aquecimento de aproximadamente 5°C", garantiu o cientista. Ele afirma que o evento tem muitas características em comum com o atual aquecimento. "Isso é uma boa analogia com o carbono liberado atualmente a partir dos combustíveis fósseis".
De acordo com o estudo, calcula-se que o aquecimento global ocorrido nesse período pré-histórico durou cerca de 170 mil anos. Na pesquisa, o professor e seus colaboradores defendem que enfrentando altos níveis de dióxido de carbono na atmosfera e a elevação da temperatura, o planeta de alguma forma aumentou sua capacidade de absorver o CO2 do ar.
Bowen assegurou que a recuperação foi mais rápida do que a que cientistas criam anteriormente. "Nós descobrimos que mais da metade do dióxido de carbono adicionado foi absorvido da atmosfera em um período de 30 mil a 40 mil anos, o que é um terço do tempo que se pensava antes", observou.
Mas o cientista alerta que assim mesmo o período de tempo é muito longo, de "dezenas de milhares de anos". Há 20 anos, pesquisadores já tinham conhecimento do evento pré-histórico, mas como o sistema se recuperou e como a atmosfera retornou ao normal ainda é um mistério. "Nós ainda não sabemos exatamente para onde este carbono foi, mas evidências sugerem que foi uma reação muito mais dinâmica do que os modelos tradicionais mostram".
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"Nós precisamos descobrir para onde o carbono foi há milhares de anos para saber aonde ele poderá ir no futuro", acrescentou o professor. "Essas descobertas mostram que a reação da Terra é muito mais dinâmica do que nós pensávamos e ressalta a importância das retroações no ciclo de carbono".
*Publicado originalmente no site do CarbonoBrasil
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