5 mitos das artes marciais que na verdade são reais

Os filmes de artes marciais vivem em um fantástico universo próprio, que obedece as leis da física tão bem quanto uma mula bêbada segue as regras de etiqueta em um restaurante chique.
A maioria dos golpes incríveis e das lutas de tirar o fôlego que você vê em um filme de kung fu não poderia acontecer na vida real, mas, de vez em quando, essas façanhas bizarras mostradas na telona surpreendentemente contêm um pouco de verdade. Confira:

5. Agarrar uma flecha em pleno ar

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Um dos mitos mais comuns sobre os mestres das artes marciais envolve a competência aparentemente sobre-humana de segurar com as próprias mãos flechas que foram atiradas na sua direção.

Obviamente, isso é ridículo – afinal, flechas são eficazes porque, justamente, são velozes demais para qualquer um se esquivar delas, quem dirá segurá-las no ar.
Claro que a flecha não é tão rápida quanto uma bala, porém, é uma prima próxima. Anthony Kelly, que se autodenomina um “homem de reação”, discorda dessa eficiência da flecha. Ele detém o Recorde Mundial do Guinness por ser capaz de capturar o maior número de flechas no ar, em dois minutos.
Você deve estar se perguntando: ok, então, ele conseguiu segurar duas, três flechas? Não, Anthony Kelly foi capaz de interceptar 33 delas no ar.
Kelly conta que começou a pegar flechas em 2000, como parte de uma apresentação anual chamada de “Noite das Artes Marciais”, da qual ele costuma participar, no Centro de Artes Marciais da Nova Inglaterra, uma região no extremo nordeste dos Estados Unidos.
A partir daí, Kelly foi se tornando o maior especialista na tarefa de capturar objetos em pleno voo e passou a apresentar seus dotes de ninja ao público em demonstrações de artes marciais e feiras especializadas.
Ele até mesmo participou do programa de televisão Myth Busters (que, como o nome em inglês indica, tem como objetivo desvendar mitos) para testar uma enorme quantidade de mitos ninjas. E quando chegou a hora de pegar as flechas no ar – disparadas pelo arqueiro treinado Jamie Hyneman – Kelly realizou o feito como um profissional, bem ali, na frente das câmeras.
Se você quiser tentar a façanha sozinho, basta seguir estes três passos: primeiro, encontre um arqueiro profissional para disparar o projétil. Depois, lance suas mãos em direção à flecha em uma velocidade mais alta do que o olho humano consegue enxergar. Em terceiro lugar, sangre abundantemente.

4. Lutar kumite contra 100 homens ao mesmo tempo

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No filme “Bloodsport” (traduzido como “O Grande Dragão Branco” aqui no Brasil), que foi o responsável por popularizar, na medida do possível, a modalidade moderna de artes marciais chamada de kumite, vemos o ator Jean-Claude Van Damme botar para quebrar.

Seu personagem derrota lutador após lutador em um torneio de artes marciais subterrâneo viciante – e acaba por sair vitorioso de suas muitas batalhas, provando, mais uma vez, a visão hollywoodiana de que os brancos são melhores do que as pessoas de outras culturas, mesmo em uma luta característica dessa cultura diferente, como o kumite.
Primeiro de tudo, o kumite é uma arte marcial que existe de verdade. Mas “O Grande Dragão Branco” o mostra como um torneio no estilo de mata-mata, como os principais campeonato de tênis ou a fase decisiva dos mundiais de esportes coletivos. No entanto, o kumite não é um campeonato de mata-mata: trata-se de um teste de resistência desenvolvido pelo coreano Masutatsu Oyama, fundador da modalidade de caratê kyokushin. O verdadeiro desafio da modalidade supera o do cinema: é colocar um homem contra 100 lutadores de artes marciais igualmente qualificados. Ele luta contra cada um dos oponentes consecutivamente em duelos de dois minutos de puro contato físico.
Após cada rodada, o desafiante tem direito a uma rápida pausa de 60 segundos antes de lutar contra um novo e descansado adversário. O objetivo principal é derrotar pelo menos a metade de seus adversários, de preferência deixando-os desacordados. O outro objetivo é tentar não morrer.
Apenas cerca de 14 pessoas, em toda a História, já conseguiram a façanha de saírem vitoriosos de um desafio de 100 lutadores de kumite. O mais recente a tentar o feito foi Judd Reid, cuja preparação para a grande luta superou em muito aquelas cenas clichês de evolução dos golpes junto com uma trilha sonora de batalha de todos os “Rockys” (e até mesmo alguns “Karate Kids”).
Antes ainda, foi a vez de Akira Masuda, que completou o desafio em 1991. Durante a sua 44ª luta – ou seja, depois de enfrentar 43 lutadores capacitados e descansados, com olhares assassinos e golpes ainda piores, todos com a única meta de acabar com Masuda – ele quase arrancou fora a cabeça de seu oponente com um chute e praticamente explodiu a caixa torácica do pobre rapaz em um outro golpe absurdo.
Porém, mais difícil do que se chegar ao topo é se manter lá. Perto da sua centésima luta, Masuda mal conseguia levantar os braços. Seus concorrentes, entretanto, não tiveram piedade alguma dele, e continuaram a deferir socos e chutes nas pernas e no estômago como se não houvesse amanhã. Para Masuda, quase não houve mesmo.

3. Ferir os inimigos com objetos do cotidiano

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Jackie Chan fez a vida convencendo seus espectadores de que absolutamente tudo, desde os cordões de um sapato até uma inocente peneira, tem potencial para ser uma arma mortal. E por mais que um peixe congelado possa causar algum tipo de intoxicação alimentar quando ingerido, talvez seja um pouco irrealista acreditar que você seria capaz de matar 20 oponentes ninjas o utilizando como uma arma.

Mas tudo bem, temos a noção de que estamos falando de Hollywood – e qualquer coisa ridícula pode, de fato, ser uma arma mortal nas mãos da estrela certa. Já vimos inúmeros homens asiáticos de cavanhaque serem massacrados por leques e pauzinhos. Mas temos boas notícias para os assassinos da vida real com acesso regular a restaurantes chineses: você pode ferir seriamente algumas pessoas com esses dois itens citados acima.
Se você não assistiu o vídeo acima, perdeu um homem jogando hashis (aqueles pauzinhos que os orientais utilizam nas refeições) inofensivos de plástico através de uma tigela de aço inoxidável. Sim, “através de”.
E existe coisa mais delicada e suave do que um leque? Presente no imaginário coletivo nas mãos de gueixas, que o utilizam para esconder seus sorrisos encabulados, o leque ainda se mantém como uma opção real de refresco imediato – usado principalmente pelos membros do sexo feminino da terceira idade – ou quando ferramentas mais eficientes no combate contra o calor, como ventiladores e aparelhos de ar condicionado, não estão disponíveis.
Um leque, entretanto, pode ser muito mais agressivo do que isso (alguém se lembra da personagem Kitana, do jogo para Super Nintendo Mortal Kombat?). Na realidade, com o treinamento certo, você pode causar um grande estrago no rosto de alguém – se você lhe acertar um leque bem afiado feito de bambu.
Esse sistema de refrigeração portátil pode ser ainda mais perigoso se for produzido com ferro, objeto também conhecido como tessen (ou “leque de guerra japonês”). O leque de ferro era comumente usado por ninjas do sexo feminino para mutilar qualquer pobre coitado que fosse burro o suficiente para atacá-las com algo tão não civilizado como uma espada. A estrutura era feita de madeira afiada ou metal resistente endurecido, que fazia com que o leque servisse como uma excelente ferramenta de deformação, bem como um eficiente instrumento de corte.
Na verdade, há um estilo de luta dedicado exclusivamente à arte de assassinar alguém com um leque: trata-se do chamado tessenjutsu, que, pelo jeito, parece ser incrivelmente eficaz.

2. Kung fu bêbado

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Jackie Chan – sempre ele – uma vez estrelou um filme de ação, que teve como cenário a cidade de Hong Kong, chamado “Drunken Master” (“Meste Bêbado” na tradução literal; o filme chegou ao Brasil com o nome mais politicamente correto de “O Mestre Invencível”), em que ele exercia a arte mortal da intoxicação. Sério, ele passou o filme inteiro lutando contra tudo que se mexia embriagado.

Essa é, de longe, a menos plausível de todas as incursões de Jackie Chan no cinema – e isso que estamos considerando a vez em que ele vestia um superpoderoso smoking-robô.
Será que é mesmo?
Por mais surpreendente que pareça, o kung fu bêbado é um estilo legítimo de artes marciais – só que você não deveria realmente estar mamado para lutar. As técnicas obrigam o participante apenas a agir como um bêbedo desleixado, de modo a parecer mais vulnerável ao seu oponente. Quando o adversário se distrair com o seu balançado de bêbado, você deve aproveitar para golpeá-lo.
Existem três tipos de técnica que compõem a maior parte do kung fu: os movimentos de beber, os movimentos de cintura e de queda. (Alguns, coincidentemente, podem chamá-los de “as três fases de uma noite de terça-feira”.) Estas técnicas, embora pareçam meros gestos embriagados, são, na realidade, todas as versões disfarçadas de ataques básicos e esquivas. Isto serve a um propósito duplo – confundir e surpreender o seu inimigo, e incutir nele um medo instintivo e incapacitante de happy hours.
Existe também o kung fu bêbado para macacos, que é ainda mais fantástico do que o que você está imaginando na sua cabeça neste momento. O estilo foi desenvolvido por um assassino condenado durante os 10 anos em que passou na prisão – período que ele aproveitou para se dedicar ao estudo das várias personalidades de macacos.

1. O soco a uma polegada de distância

No filme ao qual (quase) todo mundo já assistiu, Kill Bill 2, a personagem de Uma Thurman é enterrada viva. Por ser uma incrível praticante de artes marciais, ela consegue se livrar de tal situação absurda, mesmo deitada de costas em uma pequena caixa. No filme de – pasmem – 9 anos atrás, Beatriz Kiddo possui cerca de 7,50 centímetros (3 polegadas) de distância entre seu punho e a tampa do caixão, mas ela é tão poderosa que conseguiu escapar da morte apenas desferindo socos na tampa do caixão.
Besteira total, certo? Experimente: coloque algo macio a 7,50 centímetros de distância de sua mão e soque-o o mais forte que conseguir. Agora, peça desculpas para o seu gato (brincadeira! Adoramos gatos) e perceba como é impossível danificar alguma coisa ou machucar alguém com suas próprias mãos a 7 centímetros de distância.
A verdade, no entanto, é ainda mais incrível do que o filme. No final das contas, Uma tinha distância de sobra: você só precisa de uma polegada (2,5 cm) para quebrar uma tábua. O lendário Bruce Lee foi o responsável pelo aperfeiçoamento da técnica, conhecida pelo nome um tanto sem criatividade de “soco de uma polegada” – porque, afinal, ele ensinava artes marciais e não Letras. Lee provou a legitimidade do movimento em várias ocasiões, demonstrando o golpe na frente dos céticos.
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Nós já escrevemos aqui sobre o golpe. Pesquisadores descobriram que o segredo do soco está mais no cérebro do que na mão do lutador. “Nós acreditamos que a habilidade pode estar relacionada à sintonia fina de conexões neurais no cerebelo, permitindo que a pessoa sincronize o movimento de seus braços e tronco de forma muito precisa”, explica o pesquisador Ed Roberts, que liderou a equipe responsável pelo estudo.

Porém, isso não tira o mérito de Lee. O canal por assinatura History Channel recentemente filmou um monge Shaolin demonstrando o poder por trás do soco de uma polegada em um boneco de testes. Eles concluíram que “um acidente de carro de quase 50 quilômetros por hora seria menos prejudicial” do que o golpe. É isso mesmo: um golpe a uma polegada de um monge é duas vezes mais potente do que um acidente de carro. Quem diria. [Cracked]

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