EUA deixam a China sem meios de subsistência

China, economia, EUA, produção

As empresas norte-americanas estão levando as fábricas deslocalizadas na China novamente para os EUA. 

O mesmo caminho está sendo seguido por produtores europeus. 

O abrandamento do crescimento econômico da China está a contribuir para a redução do interesse dos investidores estrangeiros face a este país.

A empresa norte-americana The Boston Consulting Group, levou a cabo um inquérito junto de grandes empresas. Concluiu-se que, em finais de 2013, mais de metade das empresas norte-americanas com o volume de negócios superior a um bilião de dólares norte-americanos transferiu os seus meios de produção para os EUA, ou pelo menos planeja fazê-lo. 
The Boston Consulting Group conclui ainda que o fenômeno de reshoring – processo de regresso de fábricas anteriormente deslocadas no estrangeiro – está se transformando numa tendência.
Consequentemente, já há quatro meses que a actividade de produção na China está sofrendo um decréscimo. 
Há pouco tempo, o órgão estatal chinês responsável pela produção de dados estatísticos publicou os indicadores de crescimento para o primeiro semestre do corrente ano. 
Foi possível observar que o crescimento foi de apenas 7,4%, trata-se do indicador mais baixo desde o terceiro semestre de 2012. Tendo em conta que os EUA continuam a ser o principal parceiro comercial da China e líder no que concerne à atração de investimentos para o país, a sua saída do país, em grande escala, dificulta seriamente a já difícil tarefa de manter o crescimento econômico chinês nos 7%.
Porque é que os EUA estão deixando a China sem meios de subsistência? Funcionário do Instituto do Extremo Oriente, Yakov Berger, relaciona o processo de reshoring com problemas internos dos EUA:
“A economia dos EUA já há muito que não se baseia no setor real, mas sim no setor financeiro. E esse é o seu ponto fraco. Esta realidade criou riscos para a emergência de diferentes tipos de crise. Actualmente, iniciou-se nos EUA o processo de reindustrialização. Porque é necessário reforçar o setor real”.
Na Europa decorre um processo semelhante. Em janeiro de 2014, a Comissão Europeia emitiu um comunicado extraordinário denominado “Para um renascimento industrial europeu”, no qual apelava à adoção de medidas conducentes ao reestabelecimento do potencial industrial da Europa. É ainda sublinhada a importância da indústria transformadora para a manutenção da estabilidade econômica. A Europa pretende, aumentar, até 2020, o peso da indústria no PIB dos 15 para os 20%.
Como irá a China sair desta situação, à medida que perde a atratividade enquanto fábrica mundial? A necessidade de alterar o seu modelo de crescimento, baseado em exportações, é mencionada há muito. Especula-se que a China poderá desenvolver-se graças à procura interna, mesmo porque a população de cerca de um bilhão e meio de habitantes permite-o.
Porém, a passagem para o novo modelo de crescimento é um processo lento. O mais provável, é que, de acordo com Yakov Berger, nas condições actuais, a China continue apostando na exportação de serviços:
“A exportação de bens industriais irá desacelerar, mas a exportação de serviços abre um leque abrangente de oportunidades para o futuro desenvolvimento da China no mercado mundial. 
Além disso, é um modo pouco dispendioso de ocupar a população desempregada. A criação de postos de trabalho no setor dos serviços é mais barata do que setor industrial, pois não existe a necessidade de investir em grande escala em meios de produção, infraestruturas, etc. Hoje em dia, a urbanização é um dos principais motores de desenvolvimento da China, por isso a escolha do setor de serviços é óbvia”.
Já são evidentes as primeiras conquistas nessa área. Em 2013, pela primeira vez, a contribuição dos serviços para o PIB, suplantou a da produção industrial. O imobiliário, a venda a retalho e o setor financeiro foram responsáveis por 46% do PIB, já o contributo da produção industrial foi de apenas 44%.
Os peritos estão convictos que o crescimento do contributo dos serviços para a economia chinesa é um processo natural. 

Mas ainda existe espaço para crescimento, pois nos países desenvolvidos o setor dos serviços é responsável por 70% da economia. O importante é que este crescimento seja mais rápido do que a saída de empresas estrangeiras da China. 

Caso contrário o país poderá enfrentar tempos difíceis.

Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/2014_05_18/EUA-deixam-a-China-sem-meios-de-subsistencia-9680/

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