Leandro Prazeres Do
UOL, em Brasília 17/07/2015
O presidente da Câmara
dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou nesta sexta-feira (17) o
rompimento político de suas relações com o governo de Dilma Rousseff (PT).
O
anúncio foi feito um dia após vir público o depoimento do consultor da Júlio
Camargo à Justiça Federal do Paraná, no âmbito da operação Lava Jato, no qual
ele afirma ter pago US$ 5 milhões em propina a Cunha.
O presidente da Câmara
nega as acusações.
Cunha é do PMDB, partido
do vice-presidente Michel Temer e uma das legendas que integram a base aliada.
No entanto, as relações entre o chefe da Câmara e o governo Dilma já estão
tensas desde que o peemedebista tomou posse como presidente da Câmara, em fevereiro.
Também em nota, o
Palácio do Planalto disse ver a decisão como "pessoal" e acredita na
"imparcialidade" do presidente da Câmara.
"Estou
oficialmente rompido com o governo a partir de hoje", declarou durante
entrevista coletiva na Câmara. Ele disse ainda que irá pregar no congresso do
PMDB, que deve ocorrer em setembro, a saída do partido da base aliada do
governo. "Teremos a seriedade que o cargo ocupa. Porém, o presidente da
Câmara é oposição ao governo", disse.
"Eu vou pregar no congresso do PMDB, em setembro, que o PMDB rompa com o
governo. Saia do governo. E eu, a partir de hoje, me considero em rompimento
pessoal com o governo.
Não há possibilidade de eu, como deputado do PMDB, que o
meu partido faça parte de um governo que quer arrastar para a lama dele todos
aqueles que podem por ventura, na sua associação, ajudar a protegê-los",
disse Cunha.
Ele estava acompanhado do deputado André Moura (PSC-SE) durante a
entrevista.
O
presidente da Câmara acusou o PT de estar envolvido na "lama" de
corrupção na Petrobras. "Essa lama em que está envolvida a corrupção da
Petrobras, cujos tesoureiros do PT estão presos, eu não vou aceitar estar junto
dela".
Cunha
criticou o juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná, que conduziu o
depoimento prestado por Júlio Camargo no qual o consultor afirmou ter pago US$
5 milhões em propina a Cunha.
Segundo Cunha, por ter foro privilegiado,
ele não poderia ser alvo de um processo tramitando em primeira instância. Para
o presidente da Câmara, Moro acha que é o "dono do país".
"O
juiz violou o procedimento do qual eu tenho foro privilegiado.
Quanto a isso,
meus advogados vão entrar com uma reclamação junto ao STF, para que o processo
na medida em que eu fui citado seja avocado e venha para o STF e não fique mais
debaixo de um juiz que acha que é dono do país que acha que é dono de todas as
instâncias.
Ele acha que o STF e o STJ se mudaram para Curitiba. Ele quer fazer
o papel de todos", criticou Cunha.
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