Posted: 13 Oct 2015
Eduardo Cunha com a esposa, a jornalista Cláudia Cordeiro Cruz (divulgação)
Antes de o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ter 2,46 milhões de francos suíços congelados pelas autoridades da Suíça, uma conta em nome de sua mulher, a jornalista Cláudia Cordeiro Cruz, de 48 anos, teve gastos de pelo menos US$ 1,082 milhão (R$ 3,8 milhões) em cartões de crédito internacionais.
De acordo com documento do Ministério Público suíço entregue à Procuradoria Geral da República, entre os gastos estão academias de tênis dos EUA, escolas de inglês e transferências para bancos da Inglaterra e de Barcelona, na Espanha.
Os pagamentos foram feitos entre maio de 2008 e abril de 2015. A conta Kopek, registrada em nome da mulher do deputado, pagou US$ 525 mil para o cartão de crédito Corner Card entre 2013 e este ano. Só entre agosto do ano passado e abril deste ano US$ 156 mil. No cartão American Express, foram US$ 316 mil entre junho de 2008 e outubro de 2012. O cerco a Cunha é cada dia maior.
Nas contas do Marlvern College, da Inglaterra, foram pagos US$ 8 mil em 14 de maio de 2008. Na academia de tênis IMG, dos EUA, mantida pelo professor Nick Bollettieri, foram gastos US$ 52 mil entre agosto de 2008 e abril de 2009. Na conta do banco de Barcelona foram depositados US$ 119 mil entre agosto de 2011 e fevereiro de 2012.
Na conta de uma pessoa suspeita de fazer parte do esquema de desvios da Petrobras – mas cuja participação não foi atestada por investigadores do Brasil – foram depositados US$ 52 mil entre agosto de 2008 a abril de 2009. A conta está na Inglaterra, no banco Lloyds.
Cunha recebeu 1,3 milhão de francos suíços da conta do lobista João Augusto Henriques – ligado ao PMDB e suspeito de ser operador de propinas no esquema investigado pela Operação Lava-Jato – entre 30 de maio e 23 de junho de 2011.
Os pagamentos aconteceram três meses depois que a Petrobras fechou negócio em um campo de petróleo, em Benin, na costa oeste da África. Investigadores no Brasil suspeitam que o deputado recebeu parte de uma propina para o negócio de US$ 34 milhões ser fechado.
Duas contas de Cunha foram encerradas logo após a deflagração da Lava-Jato, em 2014. Nas outras duas havia um saldo em 17 de abril deste ano exatos 2.468.864 de francos suíços (R$ 9,6 milhões). Tudo foi bloqueado pela Suíça naquela data. Mas o dinheiro total que ingressou nessas contas – parte mais importante da investigação – ainda não é totalmente conhecido.
Oposição pede afastamento
Líderes de partidos de oposição na Câmara defenderam no último sábado (10) o afastamento de Eduardo Cunha da Presidência da Câmara dos Deputados.
Por meio de nota à imprensa, os líderes do PSDB, Solidariedade, PSB, DEM, PPS e Minoria na Casa (bloco que reúne os oposicionistas) pedem que ele se afaste do cargo "até mesmo para que ele possa exercer, de forma adequada, o seu direito constitucional à ampla defesa".
"Sobre as denúncias contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, noticiadas pela imprensa, os líderes Carlos Sampaio [PSDB-SP], Arthur Maia [SD-BA], Fernando Bezerra Filho [PSB-PE], Mendonça Filho [DEM-PE], Rubens Bueno [PPS-PR] e Bruno Araújo [PSDB-PE], respectivamente do PSDB, Solidariedade, PSB, DEM, PPS e Minoria, entendem que ele deve afastar-se do cargo, até mesmo para que possa exercer, de forma adequada, o seu direito constitucional à ampla defesa", diz a nota.
Pouco depois do pedido de afastamento feito pelos líderes dos partidos de oposição, a assessoria de imprensa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, divulgou nota à imprensa na qual ele reafirma que permanecerá no cargo.
"Pode pressionar, eu não renuncio. Sem a menor chance. Podem retirar apoio, fazer o que quiserem. Tenho amplo direito de defesa. Não podem me tirar", afirmou ele.
com agências
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