Caça
francês vinha sendo utilizado para reconhecimento do país Foto: ECPAD / AFP
Afirmando agir em "legítima
defesa", a França realizou seus primeiras ataques aéreos contra o grupo
Estado Islâmico (EI) na Síria, na véspera do anúncio de um plano russo para uma
coalizão contra os jihadistas.
Os ataques visaram um campo de
treinamento dos jihadistas perto de Deir Ezzor (leste), que foi
"totalmente destruído", segundo o presidente François Hollande.
— Nossas forças atingiram seus
objetivos — acrescentou.
Seis aviões foram utilizados e não
houve perdas civis nos ataques realizados com base em informações coletadas
durante as operações aéreas de reconhecimento e fornecidas pela coalizão,
explicou o chefe de Estado francês.
— Outros ataques poderão ocorrer, se
necessário — ressaltou.
Pouco antes, o Eliseu garantiu que
esta ação confirma a determinação de "lutar contra a ameaça terrorista do
Daech" (acrônimo em árabe do EI).
Estes primeiros bombardeios foram
conduzidos "em legítima defesa" e tiveram como alvo "santuários
do Daech, onde são treinados aqueles que atacam a França", afirmou, por
sua vez, o primeiro-ministro francês Manuel Valls.
Até então, Paris se negava a intervir
militarmente na Síria, temendo que suas ações militares servissem aos
interesses do presidente sírio, Bashar al-Assad, considerado pela França o
principal responsável pela guerra em seu país.
A França iniciou em 8 de setembro
voos de reconhecimento sobre a Síria. Há um ano, ela lidera uma campanha de
bombardeios no Iraque (operação Chamal, com cerca de 215 ataques e 344 alvos
destruídos), e expandiu suas operações para a vizinha Síria.
De acordo com Paris, que descartou
qualquer intervenção terrestre, os ataque têm como principal objetivo a
prevenção de atos terroristas na Europa, visando, de forma orientada, centros
de comando, de treinamento e logística do grupo jihadista.
Também ocorrem em meio à grave crise
dos refugiados sírios na Europa, enquanto alguns líderes políticos defendem que
os bombardeios contra o EI poderiam ajudar a frear o fluxo de refugiados.
Desde 22 de setembro do ano passado,
a coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos bombardeou quase 7.000
vezes (4.444 ataques no Iraque e 2.558 na Síria), de acordo com dados do
comando americano. Quase 80% desses ataques foram realizados por aviões
americanos.
Até agora, a campanha aérea da
coalizão não atingiu os resultados esperados. No Iraque, nenhuma grande cidade
foi recuperada pelas forças pró-governo. Na Síria, apesar de o EI ter sido
contido pelos curdos ao longo da fronteira com a Turquia, os jihadistas tomaram
Palmyra em maio e fizeram recentemente progressos na região de Aleppo,
ameaçando perigosamente as rotas de abastecimento para a Turquia de outros
grupos rebeldes.
Além disso, um plano dos Estados Unidos de apoiar e
treinar dezenas de rebeldes está prestes a se transformar em um fiasco.
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