A Polícia Federal realiza a 33ª fase da Operação Lava Jato nesta terça-feira (2), que tem como alvo principal dirigentes e funcionários da construtora Queiroz Galvão.
Batizada de "Resta Um", a ação cumpre 32
mandados judiciais: dois de prisão preventiva, um de prisão temporária, seis de
condução coercitiva (quando a pessoas é levada para depor) e 23 de busca e
apreensão.
Segundo o Ministério Publico Federal (MPF),
o objetivo desta fase é "obter provas adicionais de crimes de organização
criminosa, cartel, fraudes licitatórias, corrupção e lavagem de dinheiro,
relacionados a contratos firmados pela empreiteira Queiroz Galvão com a
Petrobras". Procurada, a assessoria de imprensa da construtora ainda não
se manifestou.
Aproximadamente 150 policiais federais estão cumprindo as
determinações judiciais em São
Paulo, Rio
de Janeiro, Rio
Grande do Sul, Goiás, Pernambuco e Minas
Gerais.
Na operação desta terça-feira (2), foram
presos preventivamente dois ex-dirigentes da Queiroz Galvão: o ex-diretor Othon
Zanoide Moraes Filho e o ex-presidente Ildefonso Colares Filho.
Os executivos
já haviam sido detidos na sétima fase da Lava Jato, em novembro de 2014, mas
foram soltos após decisão da Justiça.
O mandado de prisão temporária é contra
Marcos Pereira Reis, executivo da Quip, consórcio que tem a Queiroz Galvão como
sócia majoritária.
O mandado contra Pereira Reis ainda não foi cumprido, segunda
a PF, porque ele se encontra em viagem ao exterior.
Segundo a PF, o nome "Resta Um" é
uma referência à investigação da última das maiores empresas identificadas como
parte integrante do esquema de corrupção envolvendo a Petrobras.
"A menção 'Resta Um' não remetendo a
um possível encerramento das investigações da Operação Lava Jato que busca
alcançar ainda diversos outros fatos criminosos e demais empresas e pessoas
participantes de negócios ilícitos junto a estatal", diz nota da PF.
O consórcio Quip S/A, do qual a Queiroz
Galvão era acionista líder, também á alvo da operação.
Segundo a PF, as obras
investigadas neste momento englobam contratos no Comperj (Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro), na Refinaria Abreu e Lima (PE), Refinaria Vale
do Paraíba (SP), Refinaria Landulpho Alves (PR) e na Refinaria Duque de Caxias
(RJ).
"O Grupo Queiroz Galvão foi
identificado, durante a Lava Jato, como o terceiro com maior volume de
contratos celebrados com a Petrobras, alcançando um total superior a R$ 20
bilhões ", diz nota do MPF.
De acordo com a nota, a operação contra a
construtora trabalha em duas frentes.
Por um lado, a força-tarefa
investiga a participação da Queiroz Galvão em "um cartel de empreiteiras
que participou ativamente de ajustes para fraudar licitações da
Petrobras".
"Além dos ajustes e fraude a
licitações, as evidências colhidas nas investigações revelam que houve
corrupção, com o pagamento de propina a funcionários da Petrobras.
Executivos
da Queiroz Galvão pagaram valores indevidos em favor de altos funcionários das
diretorias de Serviços e de Abastecimento".
Por outro lado, a Lava Jato também
investiga se a construtora obstruiu a CPI da Petrobras, em 2009.
"Há
indícios, que incluem a palavra de colaboradores e um vídeo, de que R$ 10
milhões em propina foram pagos pela Queiroz Galvão com o objetivo de evitar que
as apurações da CPI tivessem sucesso em descobrir os crimes que já haviam sido
praticados até então", diz a nota.
"Todos os pecados"
Em entrevista coletiva nesta terça, na sede
da Polícia Federal, em Curitiba (PR), os procuradores da força-tarefa da Lava
Jato disseram que as investigações rastrearam repasses, feitos pela Queiroz
Galvão de contratos com a Petrobras, no período de 2010 a 2013.
O valor dos contratos da Queiroz Galvão com
a estatal chegaria a R$ 24 bilhões, segundo a força-tarefa.
De acordo com
os procuradores, em praticamente todos esses contratos havia sobrepreço, devido
a ajuste de preços das empreiteiras que seriam integrantes do cartel que atuava
na Petrobras.
Essa prática continuada, segundo o Ministério Público, teria
provocado prejuízos bilionários à estatal petrolífera.
Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos
procuradores da força-tarefa, disse que a atuação específica da Queiroz Galvão
"representa todos os pecados, todas as espécies de crimes" que se
verificaram ao longo dos mais de anos de Lava Jato.
Entre os crimes apontados, está o pagamento
de propinas a funcionários da Petrobras, doações a políticos via caixa dois e
obstrução da Justiça.
Os procuradores voltaram a citar supostos
repasses fraudulentos da Queiroz Galvão ao ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra,
que morreu em 2014; e à campanha presidencial de 2006 de Luiz Inácio Lula da
Silva (PT).
Guerra teria recebido R$ 10 milhões e Lula, R$ 2,4 milhões, segundo
as investigações.
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