Estudo: grandes terremotos movimentam regiões à longa distância

Editoria: Fenômenos Naturais - Terremotos  Sexta-feira, 24 mai 2013 - 09h08 
Além dos efeitos regionais provocados pelos terremotos de grande magnitude, um novo estudo mostra que tremores intensos também agem à longa distância e são capazes de movimentar porções da crosta terrestre situadas a milhares de quilômetros do local do epicentro.
Deformação na crosta terrestre causada por terremotos
Análises posteriores ao megaterremoto de Sumatra em 2004 revelaram que não foi apenas o norte da ilha que sofreu deformações devido ao tremor. Medições feitas com GPS indicaram que toda a ilha também havia se deslocado por cerca de 36 metros, mas nenhum estudo demonstrou que localidades longínquas também podiam ter sido deslocadas.

Agora, um trabalho feito por cientistas da Universidade Nacional da Austrália revelou que a localização absoluta de marcos geodésicos calibrados por GPS mudou ligeiramente de posição em decorrência de diversos terremotos ocorridos nos últimos 12 anos.

De acordo com o trabalho publicado este mês no periódico Journal of Geophysical Research, pequenas, mas importantes mudanças na posição das estações foram registradas desde o ano 2000.

Segundo o geofísico Paul Tregoning, autor do trabalho científico, foram estudados os 15 maiores terremotos que ocorreram entre 2000 e 2012 e ficou constatado que após esses eventos partes da crosta terrestre situadas a milhares de quilômetros da falha haviam se movido horizontalmente por até 3 milímetros, muito mais que a média de 0,4 milímetro ao ano.

Apesar de parecer pequeno e não fazer diferença para a maior parte da população, um deslocamento desse porte pode fazer muita diferença para os pesquisadores que precisam calcular a elevação do nível do mar ou a aferição das órbitas dos satélites.


Marcos Geodésicos
Existem diversos pontos estáveis em todo o mundo, geralmente localizado no interior dos continentes, chamados marcos geodésicos ou quadro de referência terrestre. Esses pontos permitem que um geólogo possa, por exemplo, medir a velocidade da placa tectônica do Pacífico em comparação com o marco geodésico situado acima América do Norte.


O estudo de Tregoning e seus colegas mostra que esses pontos estáveis foram deslocados pelos terremotos, o que irá introduzir erros nas medições feitas por GPS, pois se coordenadas dos pontos de referência estiverem erradas, o resultado calculado para a posição não refletirá a realidade.

Tregoning espera que a próxima atualização do International Terrestrial Reference Frame System, que coordena os marcos geodésicos, considere o efeito dos grandes terremotos sobre a movimentação dos pontos de referência por GPS, permitindo que os cientistas que precisam determinar a posições geográficas com grande precisão possam produzir resultados com menor margem de erro.

Arte: Gráfico mostra as deformações provocadas por terremotos acima de 8.0 magnitudes desde o ano 2000, Os pontos azuis são as estações de GPS de referência e as setas vermelhas o sentido das deformações. Crédito: Paul Tregoning, Journal of Geophysical Research, Apolo11.com.

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