Enquanto polícia de SP prende black blocs, ministro de Dilma bate papinho com eles



A polícia anunciou a prisão de um dos black blocs que depredaram uma concessionária de carros no dia 19 de junho. Comprovada a culpa, que a Justiça tenha o bom senso e a decência de manter esses bandidos em cana. Pessoas que atuam dessa maneira não são um caso de política, mas de polícia; não são manifestantes, mas bandidos; não estão exercendo um direito, mas cometendo crimes.
Notem que diferença, não é mesmo? A Polícia de São Paulo se encarregou de investigar para chegar aos culpados. Já o governo federal atuou de outra maneira. Em entrevista à Folha, publicada no dia 24 de junho, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, confessou que manteve interlocução com os black blocs e que fez mais de uma reunião com eles. Tudo, disse ele, para entender o fenômeno.
Então ficamos assim: enquanto as forças de segurança de São Paulo se esforçam para prender os bandidos e para impedir a sua ação, o governo federal os transforma em interlocutores. Num tom que praticamente justifica a ação dos bandidos, embora tenha tido o cuidado de dizer que não concorda com as ações, Carvalho afirmou ao jornal:

“[os black blocs] têm a convicção de uma violência praticada pelo Estado através das omissões nos serviços públicos e denuncia muito a violência policial na periferia, com aquela história de que, na periferia, as balas não são de borracha, são metálicas e letais. E que a única forma de reagir contra essa violência é também com a violência, que eles dizem que não é contra pessoas, mas contra símbolos e objetivos. Por isso escolhem bancos e concessionárias de carros importados”.
Se vocês repararem no que chamo sotaque ideológico da fala, ainda sobra, santo Deus!, uma crítica para a polícia. Assim, vejam como é mesmo difícil a atuação dos policiais: têm de exercer o seu trabalho contra os criminosos, contra a leniência de parte substancial da imprensa com o crime e contra a ação do próprio governo federal.
Só lhes resta agarrar-se à lei e cumprir o seu papel.
Por Reinaldo Azevedo

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