Porque analisar fatos extirpados do
substrato histórico-cultural em meio ao qual eles foram forjados é um equívoco
dialético (para os ignorantes) e uma desonestidade intelectual (para os que conhecem os ditames do raciocínio
lógico).
E o que se faz com os Governos Militares do Brasil é justamente
ignorar o contexto histórico e analisar seus atos conforme o contexto que
melhor serve ao propósito de denegri-los.
Para fazer parte do seu currículo,
mesmo que não aceite:
O QUE FOI 31 DE MARÇO DE 1964
Por Alexandre Garcia
Gostaria de dizer algumas coisas
sobre o que aconteceu no dia 31/03/1964 e nos anos que se seguiram.
Porque
concluo, diante do que ouço de pessoas em quem confio intelectualmente, que há
algo muito errado na forma como a história é contada.
Nada tão absurdo,
considerando as balelas que ouvimos… sobre o “descobrimento” do Brasil ou a
forma como as pessoas fazem vistas grossas para as mortes e as torturas
perpetradas pela Igreja Católica durante séculos.
Mas, ainda assim, simplesmente não
entendo como é possível que esse assunto seja tão parcial e levianamente
abordado pelos que viveram aqueles tempos e, o que é pior, pelos que não
viveram.
Nenhuma pessoa dotada de mediano senso crítico vai negar que houve
excessos por parte do Governo Militar.
Nesta seara, os fatos falam por si e por
mais que se tente vislumbrar certos aspectos sob um prisma eufemístico, tortura
e morte são realidades que emergem de maneira inegável.
Ocorre que é preciso contextualizar
as coisas. Porque analisar fatos extirpados do substrato histórico-cultural em
meio ao qual eles foram forjados é um equívoco dialético (para os ignorantes) e
uma desonestidade intelectual (para os que conhecem os ditames do raciocínio
lógico).
E o que se faz com relação aos Governos Militares do Brasil é
justamente ignorar o contexto histórico e analisar seus atos conforme o
contexto que melhor serve ao propósito de denegri-los.
Poucos lembram da Guerra Fria, por
exemplo.
De como o mundo era polarizado e de quão real era a possibilidade de
uma investida comunista em território nacional. Basta lembrar de Jango e Jânio;
da visita à China; da condecoração de Guevara, este, um assassino cuja empatia
pessoal abafa sua natureza implacável diante dos inimigos.
Nada contra o Comunismo, diga-se de
passagem, como filosofia.
Mas creio que seja desnecessário tecer maiores comentários
sobre o grau de autoritarismo e repressão vivido por aqueles que vivem sob este
sistema. Porque algumas pessoas adoram Cuba, idolatram Guevara e celebram
Chavez, até.
Mas esquecem do rastro de sangue deixado por todos eles; esquecem
as mazelas que afligem a todos os que ousam insurgir-se contra esse sistema tão
“justo e igualitário”.
Tão belo e perfeito que milhares de retirantes
aventuram-se todos os anos em balsas em meio a tempestades e tubarões na
tentativa de conseguirem uma vida melhor.
A grande verdade é que o golpe ou
revolução de 1964, chame como queira, talvez tenha livrado seus pais, avós,
tios e até você mesmo e sua família de viver essa realidade.
E digo talvez,
porque jamais saberemos se isso, de fato, iria acontecer. Porém, na dúvida,
respeito a todos os que não esperaram sentados para ver o Brasil virar uma
Cuba.
Respeito, da mesma forma, quem pegou
em armas para lutar contra o Governo Militar. Tendo a ver nobreza nos que
renunciam ao conforto pessoal em nome de um ideal. Respeito, honestamente.
Mas
não respeito a forma como esses “guerreiros” tratam o conflito.
E respeito
menos ainda quem os trata como heróis e os militares como vilões.
É uma
simplificação que as pessoas costumam fazer. Fruto da forma dual como somos
educados a raciocinar desde pequenos. Ainda assim, equivocada e preconceituosa.
Numa guerra não há heróis. Menos
ainda quando ela é travada entre irmãos. E uma coisa que se aprende na caserna
é respeitar o inimigo.
Respeitar o inimigo não é deixar, por vezes, de puxar o gatilho.
Respeitar o inimigo é separar o guerreiro do homem.
É tratar com nobreza e
fidalguia os que tentam te matar, tão logo a luta esteja acabada. É saber que
as ações tomadas em um contexto de guerra não obedecem à ética do dia-a-dia.
Elas obedecem a uma lógica excepcional; do estado de necessidade, da missão
acima do indivíduo, do evitar o mal maior.
Os grandes chefes militares não
permanecem inimigos a vida inteira. Mesmo os que se enfrentam em sangrentas
batalhas.
E normalmente se encontram após o conflito, trocando suas espadas
como sinal de respeito.
São vários os exemplos nesse sentido ao longo da
história. Aconteceu na Guerra de Secessão, na Segunda Guerra Mundial, no
Vietnã, para pegar exemplos mais conhecidos.
A verdade é que existe entre os grandes
Generais uma relação de admiração.
A esquerda brasileira, por outro
lado, adora tratar os seus guerrilheiros como heróis.
Guerreiros que pegaram em
armas contra a opressão; que sequestraram, explodiram e mataram em nome do seu
ideal.
E aí eu pergunto: os crimes deles são menos importantes que os
praticados pelos militares?
O sangue dos soldados que tombaram é menos vermelho
do que o dos guerrilheiros?
Ações equivocadas de um lado desnaturam o caráter
nebuloso das ações praticadas pelo outro? Penso que não.
E vou além. A lei de
Anistia é um perfeito exemplo da nobreza que me referi anteriormente.
Porque o
lado vencedor (sim, quem fica 20 anos no poder e sai porque quer,
definitivamente é o lado vencedor) concedeu perdão amplo e irrestrito a todos
os que participaram da luta armada.
De lado a lado.
Sem restrições. Como deve
ser entre cavalheiros.
E por pressão de Figueiredo, ressalto, desde já. Porque
havia correntes pressionando por uma anistia mitigada.
Esse respeito, entretanto. Só existiu
de um lado.
Porque a esquerda, amargurada pela derrota e pela pequenez moral de
seus líderes nada mais fez nos anos que se seguiram, do que pisar na memória de
suas Forças Armadas.
E assim seguem fazendo. Jogando na lama a honra dos que
tombaram por este país nos campos de batalha.
E contaminando a maneira de
pensar daqueles que cresceram ouvindo as tolices ditas pelos nossos comunistas.
Comunistas que amam Cuba e Fidel, mas que moram nas suas coberturas e dirigem
seus carrões. Bem diferente dos nossos militares, diga-se de passagem.
Graças a eles, nossa juventude sente
repulsa pela autoridade.
Acha bonito jogar pedras na Polícia e acha que
qualquer ato de disciplina encerra um viés repressivo e antilibertário. É uma
total inversão de valores.
O que explica, de qualquer forma, a maneira como
tratamos os professores e os idosos no Brasil. Então, neste dia 31 de março,
celebrarei aqueles que se levantaram contra o mal iminente.
Celebrarei os que
serviram à Pátria com honra e abnegação.
Celebrarei os que honraram suas estrelas
e divisas e não deixaram nosso país cair nas mãos da escória moral que, anos
depois, o povo brasileiro resolveu por bem colocar no Poder.
Bem feito. Cada povo tem os políticos
que merece.
Se você não gosta das Forças Armadas
porque elas torturaram e mataram, então, seja, pelo menos, coerente.
E passe a
nutrir o mesmo dissabor pela corja que explodiu seqüestrou e justiçou, do outro
lado.
Mas tenha certeza que, se um dia for necessário sacrificar a vida para
defender nosso território e nossas instituições, você só verá um desses lados
ter honradez para fazê-lo.
Parabéns,
Alexandre Garcia!
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