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Em outubro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal
monopolizava as atenções do país quando alinhavava as últimas sentenças aos
responsáveis pelo escândalo do mensalão.
Naquele mesmo mês, só que em outra
corte de Justiça e bem longe dos holofotes, um auditor prestava um
surpreendente depoimento, que jogava luz sobre episódios ainda nebulosos que
envolvem o maior caso de corrupção da história.
O depoente contou que, em 2010,
às vésperas da eleição presidencial, foi destacado para analisar as contas do
PT relativas a 2003 – o ano em que se acionou a super engrenagem de corrupção.
Foi nessa época que Delúbio Soares, Marcos Valério, José Genoino e o restante
da quadrilha comandada pelo ex-ministro José Dirceu passaram a subornar com
dinheiro público parlamentares e partidos aliados.
Havia farto material que demonstrava que a contabilidade do
partido era similar à de uma organização criminosa.
Munido de documentos que
atestavam as fraudes, o auditor elaborou seu parecer recomendando ao tribunal a
rejeição das contas.
O parecer, porém, sumiu – e as contas do mensalão foram
aprovadas.
Menos de dois meses depois, ocorreu um caso
semelhante, tão estranho quanto o dos mensaleiros, mas dessa vez envolvendo as
contas da última campanha presidencial do PT.
O mesmo auditor foi encarregado
de analisar o processo.
Ao conferir as planilhas de gastos, descobriu diversas
irregularidades, algumas formais, outras nem tanto.
Faltavam comprovantes para
justificar despesas da campanha.
A recomendação do técnico: rejeitar as contas
eleitorais, o que, na prática, significava impedir a diplomação da presidente
Dilma Rousseff, como determina a lei.
Ocorre que, de novo, o parecer nem sequer
foi incluído no processo – e as contas de campanha foram aprovadas.
As duas
histórias foram narradas em detalhes pelo auditor do Tribunal Superior
Eleitoral, Rodrigo Aranha Lacombe, em depoimento ao qual VEJA teve acesso.
Ambas cristalizam a suspeita de que a
Justiça Eleitoral manipula pareceres técnicos para atender a interesses
políticos – o que já seria um escândalo.
Mas há uma acusação ainda mais grave.
A manipulação que permitiu a aprovação das contas do mensalão e da campanha de
Dilma Rousseff teria sido conduzida pessoalmente pelo então presidente do TSE,
o ministro Ricardo Lewandowski.
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