Após ter sua delação premiada na Polícia Federal aprovada pelo Supremo Tribunal Federal, em 2018, o publicitário Marcos Valério, operador do mensalão, prestou vários depoimentos ao Ministério Público.
Em um deles, detalhou como
foi construída a relação de confiança com o PT e de intimidade com
o ex-presidente Lula que resultaram, em 2005, num dos maiores
escândalos de corrupção política de todos os tempos.
A aproximação com o partido teria começado bem antes da eleição de 2002. “Nós levávamos empresas que já estavam financiando a campanha, já estavam ajudando”, disse.
O sucesso em captar dinheiro ilícito para a campanha de Lula foi tão grande que ele, além de passar a compartilhar da intimidade do então presidente da República, foi promovido a exercer a função de conselheiro informal do governo, como tal dava palpites sobre a nomeação de ministros e, inclusive, teria indicado pessoalmente um deles.
“Um dos ministros que foram nomeados, teve o dedo nosso, foi o Walfrido dos Mares Guia, que na época não tinha nenhum relacionamento com o Lula, mas fomos nós que endossamos essa indicação”, garante o publicitário.
A informação é da VEJA.
Walfrido dos Mares Guia foi ministro do Turismo do governo Lula de 2003 a 2007. Valério afirma que o “dedo” dele esteve na indicação de outros figurões do primeiro escalão do governo.
“Depois da campanha, nos tornamos ainda mais íntimos do presidente Lula e do poder, a nível de ser ouvido para nomeações de alguns ministros”, assegurou Valério.
Questionado pelos promotores sobre a função que exercia para o governo do PT ,o
publicitário foi incisivo: “caixa”. Um caixa clandestino, abastecido por
“dinheiro de caixa dois e dinheiros paralelos de corrupção, de propina e tudo”,
afirmou.
Esses “dinheiros paralelos” e “propinas”, segundo Valério, eram usados não só para bancar as despesas do partido, mas também para sustentar mordomias de muitos petistas, incluindo o então presidente Lula. Sem citar nomes, ele contou para quem ia o dinheiro ilegal:
“Para deputados, para ministros, para despesas
pessoais do presidente, para todo tipo de despesas do partido dos
trabalhadores, campanhas políticas”.
Condenado a 40 anos de prisão, Marcos Valério cumpre pena em Belo Horizonte, em regime aberto.
Nesta semana, a Comissão de Segurança Pública da
Câmara convidou o publicitário pela segunda vez para prestar um depoimento
sobre as supostas ligações do PT com o PCC, relatada por ele em outro capítulo
de sua delação premiada.
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