MUDANÇA DE CURSO? - Dilma diz que o pessimismo não se justifica, mas os fatos são teimosos (Antonio Cruz/ABR)
Reportagem de VEJA desta semana mostra como, a pretexto de acelerar o crescimento, a administração federal se afastou dos princípios que permitiram estabilidade e desenvolvimento
O economista americano John Taylor, professor de Stanford, lançou no ano passado o livroFirst Principles (Princípios Primordiais, sem tradução no Brasil), no qual argumenta que a recuperação americana tem decepcionado porque os Estados Unidos se desviaram das políticas que, historicamente, os levaram ao posto de país mais próspero do mundo.
Para Taylor, a interferência equivocada do governo no funcionamento dos mercados e o desequilíbrio nas contas públicas, entre outros fatores, minaram a confiança dos empresários e reduziu a atividade. “Minhas pesquisas em política monetária e fiscal, desde os anos 60, mostram que o desempenho econômico pode ser tremendamente aprimorado se certos princípios bem definidos forem perseguidos”, diz Taylor. “Afastar-se desses princípios básicos leva a crises.”
Difícil não pensar no Brasil, lendo a análise de Taylor. O país havia recobrado a estabilidade, irradiando o otimismo na população e atraindo investimentos produtivos. A base para o novo período de prosperidade era assentada em três pilares: o respeito às metas de inflação, a flutuação da taxa cambial e o controle das contas públicas.
Esse tripé, apenas, não basta para trazer o desenvolvimento. Mas graças a ele a economia ganhara previsibilidade e credibilidade. Porém, a pretexto de acelerar o crescimento, o governo Dilma Rousseff decidiu se afastar desses princípios.
O governo viveu sob a ilusão de ter criado um “moto contínuo tropical”, na expressão do gestor de recursos Luis Stuhlberger, diretor da Credit Suisse Hedging-Griffo. Imaginou ser possível engendrar uma máquina de crescimento que se movesse indefinidamente, sem custos. Mas a ilusão parece ter chegado ao fim. Estão por toda parte os sinais de falência da política baseada no crédito farto, na ingerência na vida econômica, na negação das leis de mercado e na farra fiscal.
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