◘ CANTAREIRA ESTÁ PERDIDO DIZ MEMBRO DA FIESP

 Cantareira está perdido, diz membro da Fiesp – o sistema secará em março e crise hídrica é problema para ser resolvido em dois ou três anos
Published on fevereiro 24, 2015 

Segundo Júlio Cerqueira César, o sistema secará em março e 

crise hídrica é problema para ser resolvido em dois ou três anos

Ele reclama que as informações oficiais não correspondem a esses acontecimentos e pretendem tranquilizar a população: “Dá a impressão de que amanhã vai melhorar e a crise vai acabar”.


O Sistema Cantareira, principal reservatório de água que abastece 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo, recuperou sua segunda cota do volume morto nesta terça-feira. 

Mas, para Júlio Cerqueira César, integrante do Conselho Superior de Meio Ambiente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a notícia é insignificante perto do tamanho da crise hídrica. 

“O Cantareira está perdido”, declarou.

“O volume morto do Sistema Cantareira deve acabar, no máximo, em março. 

Não acabou até agora por dois motivos: as chuvas de fevereiro e a diminuição da retirada de água no Cantareira pela Sabesp [Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo]”, disse Júlio Cerqueira César.

A Sabesp diminuiu 60% a retirada de água do sistema. Por isso, nos últimos dois, houve aumento do volume mesmo sem a ocorrência de chuvas em sua região.

Mas as precipitações que têm ocorrido em São Paulo também são responsáveis pela melhora da situação dos níveis dos reservatórios de todo o estado. 

Este é o 19º dia consecutivo em que há registro de aumento do nível do Cantareira e, no acumulado do mês, choveu mais do que a média história: foram 266,5 milímetros contra média de 199,1 milímetros.

O nível do Sistema Cantareira está em 10,7% nesta terça-feira, no entanto, haverá racionamento, segundo Júlio Cerqueira César, já que a Sabesp está retirando menos água do sistema. Se é retirado um volume menor, há menos possibilidades de abastecer a população. “O rodízio deverá ser implantado, com cinco dias sem e dois com água, porque não contamos com nenhum dilúvio”, disse ele.

Com o Cantareira seco, haverá uma deficiência de abastecimento maior que a metade da demanda.

Os reservatórios que terão de substituir o Cantareira serão o Alto Tietê e o Guarapiranga. Aquele é grande e reserva uma pluviosidade considerável. 

Porém há a possibilidade de ele não se recuperar. 

Caso isso ocorra, a situação “vai ficar muito mais séria do que a gente pode imaginar”, de acordo com Júlio Cerqueira César.

Ele reclama que as informações oficiais não correspondem a esses acontecimentos e pretendem tranquilizar a população: “Dá a impressão de que amanhã vai melhorar e a crise vai acabar”.

Júlio teme que isso leve as pessoas a deixarem de economizar. “Não há a possibilidade de você, em curto prazo, abastecer de forma significativa a região. O déficit que vamos ter, quando acabar o Cantareira, é de mais de 40 metros cúbicos por segundo”, afirmou.

O problema da crise hídrica só poderá ser resolvido em dois ou três anos. Então Júlio Cerqueira César só dá um conselho, que é o da economia: 

“A única coisa que temos para fazer, neste ano, é a diminuição do consumo”.

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