247 - O ex-presidente Lula disse, nesta terça-feira (24), que
está pronto para ir para as ruas "defender a Petrobras, defender a reforma
política e a democracia". Segundo ele, "começamos uma luta e essa
luta vai demorar". O ex-presidente participou do ato em defesa da
Petrobras, que ocorreu na sede da ABI, no Rio de Janeiro.
"Sou filho de uma
mulher analfabeta. de um pai analfabeto. E o mais importante legado que minha
mãe deixou foi o direito de eu andar de cabeça erguida e ninguém vai fazer eu
baixar a cabeça neste país. Honestidade não é mérito, é obrigação. Eu quero paz
e democracia, mas se eles querem guerra, eu sei lutar também", desafiou.
Durante o ato, Lula comparou o atual momento político pelo qual passa o país com o período imediatamente posterior à instalação da ditadura militar no Brasil, em 1964.
"Percebo que eles continuam fazendo hoje o que sempre fizeram antes. A ideia básica é criminalizar antes, tornar bandido antes, antes de ser investigado e julgado. É criminalizado pela imprensa e começa o processo pela sentença. O problema sério é que se eu conto uma inverdade muitas vezes, ela vira verdade para milhões de pessoas. A tal da teoria do domínio do fato, eu não tenho que saber se você cometeu um crime, mas se você é o chefe, então você cometeu. É um pressuposto", afirmou. "No caso da Petrobras, se parte do pressuposto de que tem que acabar com a Petrobras e criminalizar a política", disse.
"Tem algo acontecendo neste país. Acabamos de ver a famosa Primavera Árabe, ver o ex-presidente do Egito ser derrubado, depois eleger alguém, depois derrubar e agora os militares estão lá. Sabemos o que aconteceu na Líbia. O Iraque está afundado em violência. E estamos vendo no Brasil a criminalização da ascensão social de uma camada da população brasileira. A elite não se conforma com a ascensão dos mais pobres", afirmou.
"Eu fui o presidente que mais visitei a Petrobras, sou o presidente que tenho orgulho de em 2002 ter feito minha campanha defendendo a Petrobras, a indústria naval brasileira e o conteúdo nacional. Talvez tenha sido o presidente que mais inaugurou plataformas. Tenho orgulho de ter participado do centro de estudos da Petrobras", afirmou. "Tenho orgulho da maior capitalização do capitalismo mundial, que foi a capitalização da Petrobras, que se tornou uma das empresas mais importantes do mundo. Que vergonha eu posso ter se no meio de uma família de 86 mil pessoas, se uma pessoa comete um erro, uma 'caca". Não podemos jogar a Petrobras fora por causa de meia dúzia de pessoas ou 50 pessoas", ressalvou. Em seu discurso, Lula também defendeu a política de conteúdo nacional e o modelo de partilha.
"Nossa companheira Dilma tem que deixar a Petrobras para a Petrobras, as investigações para o ministro da Justiça. A Dilma tem que lembrar que ganhou eleição, levantar a cabeça e cuidar do país. Ela não pode dar trela. Nós ganhamos as eleições e parece que temos vergonha de ter ganhado", afirmou. "Vamos defender a Petrobras, que significa defender a democracia", disse.
O ex-presidente também fez críticas à imprensa. "Quero dizer a imprensa que cheguei duas vezes à Presidência sem ela. A imprensa só tem um papel que é de informar corretamente", afirmou. O ato foi organizado pela CUT e pela FUP (Federação Única dos Petroleiros), com a presença de representantes do movimento sindical, advogados, jornalistas e intelectuais.
Na parte externa do prédio da ABI, antes do evento começar, houve confusão entre manifestantes. Abaixo matéria da Agência Brasil:
Polícia intervém para conter violência entre manifestantes no centro do Rio
Policiais militares precisaram intervir para conter a violência entre manifestantes em um ato em defesa da Petrobras, no centro do Rio. A confusão começou quando sindicalistas usando camisetas da Central Única dos Trabalhadores (CUT) rechaçaram com agressividade outro grupo de ativistas que protestavam contra a corrupção na estatal.
Sindicalistas e petroleiros que participavam de ato em defesa da Petrobras na Associação Brasileira de Imprensa entram em confronto com manifestantes que protestavam contra a corrupção na estatal.
O confronto aconteceu em frente à sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), onde foi marcado um ato em defesa da Petrobras, com as presenças de acadêmicos, artistas e lideranças políticas, incluindo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Por causa da confusão, a Rua Araújo Porto Alegre teve de ser interditada, causando um grande engarrafamento no trânsito naquela região do centro da cidade.
Os policiais militares formaram um cordão de isolamento entre o grupo de sindicalistas e o de ativistas contrários, e que tiveram suas faixas retiradas à força. Várias brigas foram registradas, e até profissionais de imprensa foram hostilizados pelos sindicalistas, que, inclusive, arrancaram o crachá de um cinegrafista da TV Brasil.
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