◘ GOVERNO DILMA E "PT" PERDERAM A BATALHA...

Governo Dilma e PT perderam a batalha da comunicação. 

Agora, é tentar evitar o impeachment

8 março 8, 2015 

chavez
por Luiz Carlos Azenha

No dia em que Hugo Chávez foi derrubado, na Venezuela, em 2002, um episódio foi decisivo. 

Uma falsa notícia disseminada pelos meios de comunicação locais, que repercutiu em todo o mundo e deixou os próprios venezuelanos em choque.

Mesmo eleitores de Chávez, aqueles que acompanhavam a crise à distância, ficaram sem ação.

A falsa notícia era de que chavistas haviam atirado contra uma manifestação de oposicionistas que estava a caminho do Palácio Miraflores. 

Havia imagens para comprovar. Lá estavam eles, sobre a Ponte Llaguno, disparando suas armas. As imagens viriam a ser desmentidas, mais tarde, pelo documentário 

A Revolução Não Será Televisionada.

Na verdade as emissoras venezuelanas haviam suprimido um dos ângulos do episódio. Por este ângulo, era possível ver que os chavistas, na verdade, eram alvo de franco atiradores e disparavam aleatoriamente. Eles não atiravam contra uma passeata, que nem havia passado por perto daquele lugar.

Porém, a falsa notícia já havia feito o estrago. Chávez salvou-se por vários motivos: apoio popular, lealdade entre os militares e um esquema que permitiu a ele comunicar-se indiretamente com a população. Além, é lógico, das besteiras feitas por Pedro Carmona, o empresário escolhido para substituí-lo, que ao assumir fechou o Parlamento!

Através da rede CNN, partidários de Chávez conseguiram superar o bloqueio informativo para dizer que o presidente não havia renunciado. Fizeram o mesmo através de meios comunitários para levar a mensagem aos morros de Caracas, onde ainda vive a grande maioria dos chavistas. Os morros desceram para diante do Palácio Miraflores para defender Chávez, que acabou reinstalado no poder.

O episódio deixou marcas profundas no chavismo. A partir de então, uma das prioridades do governo foi equilibrar o jogo no campo das comunicações. Ao contrário do que diz nossa imprensa, nunca houve censura na Venezuela.

Houve, sim, investimento em desenvolver meios através dos quais o governo pudesse falar diretamente à população. Além de um acerto de bastidores com o principal empresário do ramo, Gustavo Cisneros, que comandava então a principal emissora golpista.

O Brasil, obviamente, nunca enfrentou um episódio tão dramático. No auge do assim chamado escândalo do mensalão, com várias CPIs instaladas ao mesmo tempo, o ex-presidente Lula decidiu ir às ruas se defender. Politicamente, virou o jogo. Obteve a reeleição, mas nunca saiu da defensiva. 

Já são 13 anos de noticiário desequilibrado, que poupa tucanos e criminaliza petistas.

Lula optou, sempre, pela composição. O quadro econômico positivo permitiu que ele elegesse a sucessora, que se reelegeu pela menor das margens.

Hoje, além do desgaste natural de três mandatos no Planalto, o projeto petista na economia dá sinais de esgotamento e o escândalo na Petrobras detonou a boa vontade da população com aqueles que promoveram a ascensão social de milhões de brasileiros. O desgate do PT ficou óbvio nas eleições mais recentes, quando as bancadas do partido encolheram.

Como escreveu Valter Pomar, petista histórico, o governo Dilma enfrenta a “tempestade perfeita”, também por conta dos próprios caminhos que escolheu:
Implementar mesmo que parcialmente o programa dos derrotados na eleição contribui para confundir e desorganizar as forças que venceram as eleições presidenciais de 2014, facilita as operações de sabotagem implementadas pela oposição de direita e também por setores da base do governo, não ajuda a bloquear eventuais tentativas de interromper nosso mandato, além de criar um ambiente favorável aos que desejam nos derrotar nas eleições de 2016 e 2018.

É nestas circunstâncias que o governo Dilma e o PT poderiam tirar proveito, mais que nunca, de um esquema de comunicação que permitisse a eles falar diretamente à população, sem passar pelos intermediários da grande mídia corporativa.

Este esquema não existe. De maneira um tanto caricata, isso ficou demonstrado num episódio recente envolvendo o ministro da Justiça. José Eduardo Cardozo, todo pimpão, deu uma entrevista à TV Veja, crente de que estava abafando. 

Passaram-se alguns dias e lá estava ele, denunciado na capa da revista à qual deu a credibilidade de sua presença física! O governo Dilma continua hoje sendo o principal financiador da mídia que pretende não só derrubá-lo, mas salgar a terra por onde passaram petistas.

O partido vai enfrentar uma eleição de vida ou morte em São Paulo, em 2016, quando Fernando Haddad tentará se reeleger para dar sustentação a um eventual retorno de Lula em 2018.

Por causa da própria incompetência e mediocridade no campo das comunicações, o PT e Dilma estão perdidos diante da grande revolução que se deu nos últimos anos com o surgimento e fortalecimento das redes sociais. 

Mesmo a blogosfera, aos poucos, vai ficando com cheiro de naftalina. A comunicação instantânea e pessoal, especialmente via Facebook e whatsapp, equivale a um tsunami.

O governo e o PT não estão preparados para esta disputa, que pressupõe que ambos deveriam estar em um dos polos da geração de conteúdo bombardeado e contra-bombardeado nas redes sociais. 

Esta disputa exige competência e rapidez, que são a antítese do comportamento que vemos vindo do Planalto ou de petistas com posições de poder.

Exige uma atitude guerrilheira, como a demonstrada pelo senador Roberto Requião, armado com sua conta no twitter, um blog dinâmico e a TV 15, que transmitiu ao vivo os acontecimentos recentes no Paraná.

Enquanto isso, a oposição nada de braçada, agora que conta com alguns milhares de militantes digitais dispostos a disseminar qualquer informação para minar as bases do governo.

Recentemente, fui procurado pela minha diarista, que estava assustada: “É verdade que a Dilma vai confiscar a poupança?”.


Um desmentido, aliás, chocho, que duvidava da própria veracidade dos boatos que pretendia desmentir.

Segundo a minha diarista, o boato era tema de discussão dentro do ônibus, com a maioria dos presentes desancando a presidente. Há dezenas de outros relatos a respeito no Facebook. Deixam claro que foi um boato de forte circulação via whatsapp. Que pode ter chegado a milhões de pessoas.

É esse tipo de boato, que toca diretamente a vida das pessoas — o confisco, afinal, é uma ameaça! — que vai minando aos poucos o que resta da credibilidade do governo com aqueles que ainda não foram convencidos peloJornal Nacional de que o mundo vai acabar por culpa de petistas. Vai criando, silenciosamente, o caldo de cultura que alimenta a campanha do impeachment.

Leiam o relato de Maria Luiza Quaresma Tonelli, no Facebook:
A diarista que presta serviços em minha casa me perguntou hoje se eu estava sabendo sobre “um negócio muito grande que vai acontecer nas ruas”. Perguntei: quando? Ela: no dia 15 de março. Então falei para ela que se trata de uma manifestação que estão organizando para tirar Dilma da presidência da república. Perguntei para ela como ficou sabendo disso e ela disse que as duas filhas e um genro receberam o “convite” pelo WhatsApp e que hoje no ônibus o assunto era esse. Disse que muitas pessoas falavam no ônibus coisas assim: “precisamos tirar Dilma de lá, ela quer acabar com a gente”. “Dilma é uma ladra”. Outros diziam: “Lula também”. Daí para pior.

Enfim, é assustador o poder e a capacidade da direita em atingir a classe trabalhadora com propaganda contra um governo que justamente beneficiou a classe trabalhadora, que majoritariamente é conservadora e despolitizada. Por isso não é capaz de pensamento crítico e cai no moralismo barato da oposição. Tem gente que diz que a massa trabalhadora não tem tempo para ficar vendo TV nem no Facebook, por isso não há perigo de ser influenciada pela extrema direita. Concordo. Mas pelo tal do WhatsApp a oposição está fazendo um trabalho e tanto. Vamos aguardar o dia 15 para ver qual será o tamanho da coisa.
A batalha da comunicação, em nossa modesta opinião, está perdida. Talvez só mesmo uma grande derrota eleitoral seja capaz de provocar o despertar dos burocratas.

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O PT perdeu a batalha nas redes sociais porque nunca soube como jogá-la

Por Paulo Eneas

Existe uma expectativa de que as manifestações pelo impeachment da presidente Dilma  marcadas para o próximo dia 15 de março possam reunir milhões de pessoas nas principais cidades do país. 

Essa expectativa é compartilhada reservadamente por pessoas do próprio governo e do PT, como informa o jornalista Reinaldo Azevedo em uma de suas colunas desta semana. Segundo o jornalista, gente do próprio governo e do partido reconhece que o PT  perdeu a batalha nas redes sociais, uma vez que a mobilização da sociedade em oposição ao governo nasceu justamente nesse ambiente das redes.

Esta avaliação por parte dos próprios petistas de que partido perdeu a batalha nas redes sociais não me surpreende pois venho apontando para esse fato há vários meses: na verdade o PT não perdeu a batalha nas redes sociais, pois a rigor ele nunca como jogá-la. 

O partido, pela sua natureza autoritária e antidemocrática como todo partido de esquerda, nunca foi capaz de compreender o real significado da atuação politica da sociedade civil nas redes sociais. A atuação política das pessoas, dos indivíduos comuns nas redes sociais se constitui há muito tempo no único e autêntico movimento social do país, diferente dos movimentos sociais; existentes e reconhecidos por boa parte da imprensa como tais, e que na verdade não  passam de aparelhos e extensões do PT e de seus partidos auxiliares.

A esmagadora maioria das pessoas que se expressam politicamente pelas redes sociais são cidadãos e cidadãs comuns, que vivem às próprias custas, que não possuem laços ou obrigações ou compromisso com partidos ou chefetes políticos, e que descobriram nestas redes o veículo perfeito para expressar seus pontos de vista políticos livremente. 

Diferente dos tais movimentos sociais oficiais instrumentalizados pelos partidos, que hoje não passam de burocracias paraestatais e cujos integrantes não fazem nem dizem aquilo que pensam, mas somente  aquilo que seus chefes políticos mandam.

A atuação politica livre e espontânea das pessoas comuns nas redes sociais é um exercício pleno de liberdade de expressão e se constitui numa forma de horizontalização do processo tradicional e vertical de formação da opinião pública.

Parece que poucos estudiosos de ciência politica compreenderam esse fenômeno, e menos ainda os dirigentes políticos  dos partidos de esquerda. Em contrapartida, a atuação das pessoas nos chamados movimentos sociais oficiais instrumentalizados pelos partidos se dá na maioria da vezes por meio de um tipo de coação direta ou indireta, decorrente da situação de vulnerabilidade econômica ou social ou mesmo por simples ausência de instrução do individuo, que se torna assim massa de manobra fácil para as  formas tradicionais de autoritarismo politico tão típico da tradição antidemocrática da esquerda.

A maior prova de que o PT e a esquerda nunca compreenderam o fenômeno das redes sociais é que o partido tentou usar nestas redes a mesma estratégia que usa fora delas: tentou instrumentalizá-las, colocando uma militância profissionalizada e paga para agir seguindo uma orientação partidária centralizada. 

O resultado todos nós conhecemos: a figura do ativista , o militante do ambiente virtual, se tornou  uma caricatura e motivo de piada, um robozinho pago que repete as palavras de ordem do partido e que é incapaz de, por meio de um debate politico honesto, conquistar a opinião de uma pessoa comum que, espontaneamente, resolve expressar sua opinião politica, ainda que o faça rapidamente e modo não necessariamente elaborado, no horário de almoço de seu trabalho, por exemplo

Ainda que algumas poucas cabeças pensantes do PT tenham se dado conta disso,   agora parece ser tarde. É tarde, pois para reverter o jogo o PT precisaria fazer com que sua militância, que é cada vez mais escassa e despreparada para o embate politico,  voltasse a fazer aquilo que ela fazia e muito bem antes do PT chegar ao poder: fazer embate e disputa politica na sociedade. 

O PT não sabe mais fazer isso, pois substituiu o embate politico pela propaganda, e substituiu a militância politica pelo ativista pago que muitas vezes se assemelha a um miliciano.

Ao mesmo tempo, uma parcela expressiva da sociedade civil se politizou, passou a ter mais acesso à informação   e aos meios de se expressar. 

Assim , o cidadão comum, não filiado a partido, não submetido a uma disciplina partidária autoritária e munido de acesso à informação  e liberdade de se expressar, passou  a ser um agente formador de opinião muito mais eficiente do que outrora militante clássico, guiado pela sua certeza ideológica e   a suposta infalibilidade de sua direção partidária. 

E tudo aconteceu num intervalo de tempo muito curto, em termos históricos, praticamente o mesmo intervalo de tempo em que o PT tem estado no poder e, não se dando conta do que ocorria,  perdeu o bonde da história e por consequência tem tudo para perder esse mesmo poder que o partido achava já ter conquistado em definitivo.

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