Para Financial Times, escândalo na Petrobras 'ameaça engolir governo'
Responsabilização pessoal de dirigentes em escândalo tornaria mas difícil escolha de novo chefe para estatal
A dificuldade de encontrar um substituto para Graça Foster e o impacto negativo da crise na Petrobras sobre o governo da presidente Dilma Rousseff são destaque na imprensa internacional nesta quinta-feira.
O jornal britânico Financial Times afirmou que o escândalo de corrupção na petroleira "ameaça engolir o governo" brasileiro.
O Guardian, também da Grã-Bretanha, destacou que até R$ 23 bilhões poderiam ter sido desviados da estatal para o pagamento de propina a políticos. Ao se referir a Foster, o jornal disse que o escândalo fez "sua vítima mais proeminente" até agora.
O Le Monde, da França, disse que Foster foi "expelida" da Petrobras junto com cinco diretores e ressaltou o suposto envolvimento de grandes empreiteiras brasileiras em esquemas de suborno para a conclusão de contratos.
O americano New York Times chamou a atenção para o fato de Foster ter sido escolhida pessoalmente por Rousseff.
O jornal afirmou também que prevaleceu a sensação de que a ex-presidente da estatal não teria capacidade para lidar com o escândalo em um momento em que a baixa dos preços do petróleo forçam a redução de investimentos em projetos de alto custo.
'Financial Times'
Troca de diretoria da Petrobras seria tentativa de recuperar confiança de investidores
O Financial Times afirmou que a Petrobras deixou de ser conhecida por suas "proezas tecnológicas e descobertas gigantes de petróleo" para se tornar "um símbolo de conduta ilegal e objeto de ridicularização para muitos brasileiros".
O Financial Times deixa claro que a ex-chefe executiva da Petrobras não foi ligada ao esquema de corrupção, mas sofreu críticas pela forma como conduziu a crise.
O periódico também destacou a dificuldade que o governo brasileiro terá para encontrar um substituto para Foster capaz de reaver a confiança de investidores.
Especialistas entrevistados na reportagem afirmam que muitos executivos de alto perfil pensam duas vezes antes de aceitar cargos como os que ficaram vagos na Petrobras. Isso porque a lei brasileira permitiria que seus bens pessoais sejam afetados.
Assim, o próximo ocupante do cargo poderia ser responsabilizado pessoalmente por futuros desdobramentos do escândalo – especialmente depois de auditorias externas terem se recusado a aprovar as contas apresentadas pela Petrobras – o que torna difícil a escolha do sucessor.
O jornal também afirmou que o governo brasileiro não estaria disposto a atribuir oficialmente um montante ao dinheiro desviado da Petrobras para que a cifra não seja usada eleitoralmente. O jornal atribui a informação a fontes anônimas.
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