há
12 horas Política
A temperatura nos quartéis se elevou ainda mais por conta da
resolução do Partido dos Trabalhadores sobre conjuntura política que diz que os
petistas foram “descuidados” por não terem modificado os currículos das
academias militares e por não terem promovido oficiais que, na avaliação do
antigo governo, tinham o que consideram ser compromissos “democráticos e
nacionalistas”.
Na sexta-feira, depois de o Comando do Exército ter apresentado
sua “indignação” com a declaração dos petistas, a Aeronáutica e a Marinha
também repudiaram as afirmações.
Os presidentes dos Clubes Naval, da
Aeronáutica e Militar, em um artigo intitulado “Democratas e nacionalistas”,
falam do “cuidado que devemos ter ao ler qualquer documento de partidos
esquerdistas, pois a linguagem que empregam é, maliciosamente, deturpada para
que concordemos com ela”.
O trecho contestado por militares da
ativa e da reserva diz: “Fomos igualmente descuidados com a necessidade de
reformar o Estado, o que implicaria impedir a sabotagem conservadora nas estruturas
de mando da Polícia Federal e do Ministério Público Federal; modificar os
currículos das academias militares; promover oficiais com compromisso
democrático e nacionalista; fortalecer a ala mais avançada do Itamaraty e
redimensionar sensivelmente a distribuição de verbas publicitárias para os
monopólios da informação”.
A Marinha do Brasil, ao rechaçar o
trecho do documento, lembra que, “como uma das instituições permanentes do
Estado, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, tem como um de seus
princípios basilares o distanciamento de qualquer tipo de ideologia ou
ordenamento de caráter político ou partidário”.
Acrescenta ainda que “mudanças
nos currículos das Academias e nos critérios de promoção, dentro do contexto em
que foram feitas em documento do PT, só terão como consequências a perda do
profissionalismo que caracteriza nosso trabalho e a indesejável politização dos
militares”.
Já a Aeronáutica, depois de ressaltar
que as Forças Armadas são instituições de Estado e que não costuma responder a
partidos políticos, disse que “são absolutamente infundadas essas
considerações”.
Para a Força Aérea, “atacar o currículo das escolas militares
que tem como base a disciplina e ética, além do profissionalismo, é
inaceitável”.
A Aeronáutica citou também que o currículo das escolas das forças
“garante todos os níveis indispensáveis da formação militar, acadêmica, moral e
profissional”.
A nota do PT, segundo a FAB, “nos
atingiu bastante”, inclusive no item que trata das promoções porque os
critérios da força “são totalmente baseados na meritocracia, em função do
desempenho do oficial ao longo da sua carreira, baseado em aspectos
profissionais, intelectuais e morais e, acima de tudo, em defesa do Estado
brasileiro”.
Acrescentou ainda que a formação dos militares é “totalmente
cercada por critérios muito bem estabelecidos e democráticos”.
Um outro integrante do Alto Comando
do Exército, “indignado” com a postura petista, questionou:
“A pergunta que eu
gostaria de fazer ao Rui Falcão (presidente do PT) é se ele quer mudar o
currículo das escolas militares para resolver qual problema?
Que oficial com
compromisso democrático e nacionalista é este que vocês querem?
Por acaso
nossos oficiais de hoje não são democratas?
Não são nacionalistas?
O que vocês
estão querendo com isso?”.
Em seguida, o general desabafou afirmando que as
escolas militares são reconhecidas no mundo inteiro porque os militares são
formados, graduados e aperfeiçoados, fazem cursos de altos estudos e de
política estratégica para formar profissionais de Estado.
“Nós somos
profissionais de Estado. Nós servimos ao Brasil e não a partidos. É lamentável
ter essa pretensão. Para mim, isso é fazer proselitismo político”, emendou.
“Foi uma provocação a todas as instituições de Estado e até à imprensa. É muita
pretensão. É inadmissível o que está escrito ali. É uma barbaridade”,
prosseguiu ele, salientando que os militares, “neste conturbado processo
político, permaneceram firmes, serenos, seguros e cumprindo o estrito papel que
cabe às Forças Armadas pela Constituição”.
Os três Clubes Militares, em nota
conjunta, citam que o documento petista “apresenta uma série de chavões
esquerdistas, como dizer que o Estado está agora sob a direção de velhas
oligarquias, que as mesmas aplicaram um golpe de estado, que estamos adotando o
modelo econômico preconizado pelo grande capital, que o impeachment é um golpe
casuístico para depor um governo democraticamente eleito”.
Em seguida, fala sobre o trecho
questionado no texto petista que trata das “possíveis falhas que levaram ao fim
do projeto socialista de eternização no poder” e que entre elas aponta a não
interferência nas promoções e no currículo da área militar.
Para os presidentes dos três clubes
militares, que são porta-voz dos oficiais da ativa, “o parágrafo é
particularmente revelador sobre a mentalidade distorcida que domina a esquerda
e a insistência em suas teses de dominar instituições que, no cumprimento da
lei, impedem a realização de seus sonhos totalitários, que eles denominam
democratas, na novilíngua comunopetista”.
Os militares criticam ainda o fato de
o PT enxergar “uma sabotagem conservadora na ação democrática que os impediu de
dominar a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, seu objetivo
permanente”.
Ao se referir à questão de reformulação dos currículos das escolas
militares, citam que ali é um “reduto de resistência à releitura da História
que pretendem, o que fica claro na Base Nacional Comum Curricular proposta pelo
MEC, e também nos textos revisionistas constantes dos livros didáticos,
particularmente os de História, com que vêm difundindo suas ideias distorcidas
e fazendo verdadeira lavagem cerebral em nossos jovens estudantes, há longo
tempo”.
E acrescentam que tudo isso ocorre “sob o olhar complacente e até mesmo
sob o aplauso de mestres e pais politicamente corretos”.
Depois de condenar a tentativa de
“domínio da imprensa por meio do controle das enormes verbas publicitárias que
controlam”, os presidentes dos clubes dizem que, “quanto à promoção de oficiais
com compromisso democrático e nacionalista, isto é o que vem sendo feito desde
sempre, pois as Forças Armadas são o maior depósito e fonte de brasileiros
democratas e nacionalistas de que a Nação dispõe”.
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