ÁUDIO HISTÓRICO IMPERDÍVEL: o ex-presidente Juscelino Kubitschek, sabendo que ia ser cassado, se dirige pela última vez ao povo brasileiro
De novo, como há dias no caso de outro post, trazemos a história contemporânea do país viva, pulsando, emocionante: o áudio da íntegra do impressionante discurso de despedida do ex-presidente Juscelino Kubitschek da vida pública — que se tornaria histórico também por ser a derradeira vez que um dos mais importantes personagens da República pôde se dirigir ao país.
Antevendo a suspensão de seus direitos políticos por 10 anos e a cassação de seu mandato de senador por Goiás por seu partido, o antigo PSD — para o qual fora eleito em junho de 1961 –, o ex-presidente pronunciou um duro discurso no dia 3 de junho de 1964, chamando a medida que se aproximava de “ato de violência”, invocando seu “dever de denunciar o atentado que em minha pessoa vão sofrer as instituições livres”, dizendo-se “vítima preferida da sanha liberticida” que se apossava do país, mencionando as “horas de trevas” que se vivia, lamentando que sua cassação forneceria ao mundo um “injusto e bárbaro retrato” do país mas dizendo ter “a coragem dos que combatem para cair de pé”.
Derrubado o presidente João Goulart no dia 1º de abril daquele 1964, os militares golpistas, que queriam manter as aparências de uma democracia tutelada, promoveriam a eleição do marechal Humberto de Alencar Castello Branco pelo Congresso para cumprir formalmente dispositivo da Constituição de 1946, em vigor — apesar de o país viver simultaneamente um regime de exceção promovido pelo Ato Institucional nº 1.
Eles se preocupavam com o possível apoio de deputados e senadores ao general Amaury Kruel, comandante do poderoso II Exército, sediado em São Paulo — atual Comando Militar do Sudeste –, amigo e compadre de Jango.
Era, então, muito importante o apoio do PSD, maior partido do Congresso, a Castello.
E ficou combinado, em reunião de que participaram também o próprio marechal e JK, no apartamento do deputado Joaquim Ramos (PSD-SC), no Rio, que o ex-presidente seria poupado das cassações em troca de seus parlamentares votarem em Castello na eleição indireta que ocorreria a 11 de abril de 1964.
Que nada.
Castello, previsivelmente, elegeu-se. Dos 475 integrantes do Congresso de então, obteve 361 votos — inclusive o de Juscelino! Três congressistas votaram no deputado e marechal Juarez Távora, ex-tenente da Revolução de 1930, dois homenagearam o marechal e ex-presidente Eurico Gaspar Dutra (1946-1951), 72 se abstiveram e 37 não compareceram.
Menos de dois meses depois da eleição indireta, a 8 de junho de 1964, e cinco dias após o discurso de JK, Castello cassou o mandato e suspendeu por 10 anos os direitos políticos do construtor de Brasília.
De nada adiantara a manobra do PSD que, em março, e de forma propositalmente prematura, aprovara em convenção o nome de JK como candidato à Presidência nas eleições de 1965 — que a ditadura militar, obviamente, cancelaria.
Não demoraria e o ex-presidente seguiria para o exílio em Paris.
Por que só áudio, sem imagem?
Porque a utilização do videotape em reportagens naquela época era raridade entre as emissoras de TV e, por sua vez, eventuais registros do discurso em película, como então se usava, desapareceram nos sucessivos incêndios que atingiram a extinta Tupi, a Bandeirantes, a Record e a Globo.
A Globo só seria fundada no ano seguinte, mas reuniu um arquivo com imagens de fatos históricos anteriores, que em boa parte se perdeu nos incêndios que atingiram sua sede em São Paulo, em 1969, e a sede central, no Rio, em 1971 e 1976.
1956 - POSSE DE JUSCELINO KUBITSCHEK
AGORA OUÇA ESTE DISCURSO RARO E EMOCIONANTE:
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