Maria Elena Boschi tem 33 anos, um belo rosto de traços perfeitos, corpo para ninguém botar defeito, veste-se bem e, como a grande maioria das mulheres de classe média alta, é muito bem cuidada — cabelos, pele, unhas, maquiagem.
Está solteira, depois de um relacionamento de quatro anos20.
Mas ela é muito mais do que isso: uma advogada competente e bem sucedida na iniciativa privada, uma ex-ocupante de cargo público na gestão de águas da região da Toscana e deputada pelo Partido Democrático, de centro-esquerda, que chefia a coalizão de governo na Itália.
Mais do que isso, Maria Elena é ministra de uma pasta fundamental para o projeto de mudanças na Itália defendido pelo jovem primeiro-ministro Matteo Renzi, de 39 anos: ela comanda o Ministério das Reformas Constitucionais e Relações com o Parlamento.
Inevitavelmente, passou a ser designada de regina (rainha) por revistas de fofocas e mesmo em reportagens da imprensa séria. Outro apelido é “A Leoparda”, sem contar “Miss Parlamento”. Um articulista do prestigioso jornal Corriere dela Sera chegou a comentar que eventuais tropeços da ministra deveriam ser perdoados, “porque ela é tão bela…”.
Cafajeste como sempre, o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi — que teve entre seus ministros uma modelo de fotos topless, uma ex-Miss Itália e uma apresentadora de programas populares na televisão — comentou que Boschi é “sexy demais para ser comunista”.
Como, aliás, ocorre com outras das oito ministras do gabinete de Renzi, grande parte da imprensa continua comentando mais a aparência e as roupas e sapatos delas do que sua ação política e administrativa. Especificamente em relação a Boschi, até hoje se fala dos saltos altíssimos e do terninho azul que usou no dia da posse, que o em geral sério jornal La Stampa, de Turim, classificou como sendo “da cor de um super-herói da Marvel, como o Capitão América”.
Esse tipo de coisa levou o jornal conservador britânico The Daily Telegraph a comentar que as ministras mulheres da Itália estão sendo alvo de um “massacre sexista”.
A ministra, porém, afirma não dar importância aos comentários. “O que me preocupa é ajudar o governo a transformar a Itália — é para isso que ocupamos os cargos que ocupamos”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário