Esse é o Prelude, o maior navio do mundo. Com impressionantes 488 metros de comprimento, a melhor forma de entender qual o real tamanho deste gigante é por comparação com alguma coisa mais familiar, e mesmo assim é difícil de mensurar.
Quatro campos de futebol colocados na vertical não chegariam lá – e se nós pudéssemos deitar os 301 metros da Torre Eiffel ao lado dele, ou os 443 metros do Empire State Building, também não seria a mesma coisa.
Em termos de volume absoluto, o Prelude também é bastante incompreensível: tomados seis dos maiores porta-aviões do mundo, e medida a quantidade total de água que eles deslocam, seria a mesma coisa que a deste navio gigantesco.
O Prelude ainda está sendo construído. Ele paira sobre o estaleiro da Samsung Heavy Industries, em Geoje Island, na Coreia do Sul. Pouco depois do amanhecer, grupos de trabalhadores – eletricistas, montadores de andaimes, soldadores – se reúnem para formar equipes antes de entrarem em elevadores que os carregam o equivalente a dez andares para cima.
A bordo do Prelude, em meio a uma floresta de guindastes e tubulações, é quase impossível se orientar.
O estaleiro, um dos maiores do mundo, tem uma vista fantástica, com cerca de 30 mil pessoas trabalhando na infraestrutura geralmente invisível da oferta global de combustíveis fósseis: dezenas de navios de perfuração, navios-tanque de armazenamento de petróleo e transportadores de gás.
O Prelude não é apenas o maior de todos os navios a tomar forma neste ramo de atividade – ele é também pioneiro em uma nova forma de levar o gás do fundo do oceano para os consumidores dispostos a pagar pelo produto. Até agora, o gás coletado de poços longe da costa tinha que ser canalizado para a terra para ser processado e, em seguida, liquefeito.
Normalmente, isso significa a construção de uma enorme estrutura que pode purificar o gás e, em seguida, resfriá-lo, para que se torne um líquido – que é conhecido como gás natural liquefeito ou GNL – tornando-se 600 vezes menor em volume e, portanto, muito mais fácil de transportar de navio.
Este tipo de produto tem uma grande demanda atualmente – especialmente na Ásia, com China e Japão entre os grandes mercados consumidores de energia.
Com o Prelude, a Shell optou por ignorar o passo de colocar o gás em terra, desenvolvendo um sistema que irá fazer o trabalho de liquefação no mar. Isso significa evitar as tarefas onerosas de construção de um gasoduto na costa da Austrália e a construção de uma instalação de GNL que pode enfrentar um longo planejamento e uma série de novas infraestruturas em uma costa remota.
O maior navio do mundo ficará “estacionado” acima do campo de gás a mais de 160 km da costa australiana por 25 anos e funcionará não apenas como uma plataforma, mas também como uma fábrica e loja onde outros navios podem ser carregados com GNL.
As animações de computador fazem parecer fácil. Na prática, o desafio de engenharia é imenso. Para acelerar a construção, os elementos chave do sistema de processamento estão sendo montados em terra antes de serem instalados a bordo do navio.
A Shell está planejando espremer a planta de GNL em um quarto do espaço que seria usado em terra.
O argumento para esse grande investimento é que o gás natural seria um combustível mais amigo do meio ambiente do que o carvão e ajudaria a “limpar” o ar de países como a China nos próximos anos. Porém, isso é apenas meia verdade.
O Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudança Climática conclui que, embora o gás seja uma bem-vinda “ponte” entre o carvão e a energia de baixo carbono para os próximos 20 anos ou mais, a longo prazo, ele terá de ser extinto, como todos os combustíveis fósseis, a menos que se encontre um modo de capturar o dióxido de carbono que a queima libera. [BBC, Gizmodo]
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