01/12/2014
às 17:48 \ Direto ao PontoVídeo histórico: o dia em que o parceiro de Lula preso em Portugal por ladroagem roubou o sossego de Dilma Rousseff
A prisão de José Sócrates foi recebida por Dilma Rousseff com a placidez de quem desconfiava desde março de 2011 que o ex-primeiro ministro português é capaz de tudo. Capaz até de abandonar o cargo sem dar satisfações à presidente prestes a embarcar para uma visita oficial a Lisboa e deixá-la plantada no aeroporto, à espera do anfitrião que sumiu.
Dilma soube o que é isso há quase quatro anos, atesta o vídeo do Implicante que registra uma das melhores/piores performances do neurônio solitário. Já na abertura da conversa numa sala do Palácio da Alvorada, o jornalista Miguel Sousa Tavares surpreende a presidente com a informação que precede a pergunta.
— A senhora vai a Portugal terça-feira e vai encontrar um país sem governo. Isso não tira sentido à visita diplomática, pelo menos?
O vinco vertical no meio da testa realça a espécie de perplexidade que assalta todo cachorro que cai do caminhão de mudança.
— Mas… o presidente num… não vai podê me recebê? — intriga-se Dilma, transformando o entrevistador em entrevistado.
Competente, tarimbado, Tavares contém o riso e tenta disfarçar o espanto. Acaba de descobrir que Dilma não sabe que Portugal vive uma crise política grave e que o primeiro-ministro havia renunciado horas antes. No cargo há menos de três meses, Dilma também não faz a menor ideia de como funciona o regime parlamentarista.
O presidente vai recebê-la, esclarece o piedoso jornalista. Ela também deverá encontrar-se com José Sócrates, o amigão de Lula que havia pedido demissão. O problema, reitera Tavares, é que país estava sem governo.
— Bem, eu respeito perfeitamente a situação política de Portugal — diz a entrevistada antes de confessar que de nada sabia.
Mas vai querer saber por que não sabia assim que a conversa terminar, avisa a voz de quem prepara um “meu querido” para o primeiro assessor que aparecer em seu caminho:
— Isso foi agora, né? — confere.
Ouve a confirmação, retoma o besteirol e aproveita para despedir-se do demissionário.
— Eu lamento profundamente, porque tinha um grande respeito pelo ministro Sócrates.
A transferência para a cadeia pode ter aumentado ou reduzido o grande respeito de Dilma por um companheiro que sempre fez bonito no ranking dos bandidos de estimação do lulopetismo. Pelos critérios do PT, a expansão do prontuário aumenta o cacife do delinquente lusitano. Mas Sócrates pode parecer um trombadinha se o dinheiro que tungou for confrontado com a roubalheira recordista dos assaltantes da Petrobras.
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