Os Colossos de Memnon, são duas imensas estátuas de pedra na necrópole da antiga cidade de Tebas, margem oeste do rio Nilo, em frente à moderna cidade de Luxor, que já foi capital do Antigo Egito, a aproximadamente 680 quilômetros ao sul do Cairo. As estátuas são incrivelmente altas, cerca de dezoito metros de altura e pesando aproximadamente 720 toneladas cada.
Elas representam o faraó Amenófis III, da XVIII Dinastia, que reinou o antigo Egito, há cerca de 3.400 anos atrás, e atualmente as estátuas situam-se à entrada do que seria o túmulo deste faraó. A cidade antiga estava dividida entre as suas margens: a oriente, onde nasce o sol, era a cidade dos vivos, onde se localiza os templos de Karnak e Luxor; e ocidente, onde o sol se põe, a cidade dos mortos, onde se encontra o Vale dos Reis e os túmulos de Hatshepsut e Amenófis.
As estátuas gêmeas retratam o faraó em uma posição sentada, com as mãos apoiadas nos joelhos e o olhar voltado para o leste em direção ao rio Nilo. Em cada lado das suas pernas está a sua mãe, Mutemuia, e a sua esposa principal, a rainha Tié. Nos dois lados do trono figuram a representação do sema-taui, símbolo que aludia à união entre o Alto e o Baixo Egito, sendo possível ver o deus Hapi realizando a união das duas plantas heráldicas, o papiro e o lírio.
Os dois blocos de pedra a partir dos quais foram esculpidas as estátuas foram retirados da pedreira de Gebel el-Ahmar (nome que significa “a montanha vermelha”), situada no nordeste da atual cidade do Cairo. O responsável pelo transporte dos blocos foi o arquiteto de Amenófis, filho de Hapu, e foram transportadas por 675 quilômetros até Tebas, por ser muito pesado de ser transportado pelo Nilo.
A função original dos Colossos era ficar de guarda na entrada do templo memorial de Amenófis (ou templo mortuário): uma construção maciça construída durante a vida do faraó, onde ele era adorado como um deus-na-terra antes e depois de sua partida deste mundo. Abrangendo um total de 385.000 metros quadrado, era considerado o maior e mais opulento do Antigo Egito, mas foi completamente destruído devido às inundações do Nilo, que danificaram suas bases e faraós posteriores acabaram extraindo seus blocos de pedras para a construção de outros edifícios.
Um grande terremoto ocorrido em 27 a.C., teria destruído o colosso norte da cintura para cima e causando rachaduras na parte inferior. Após a ruptura, a metade inferior da estátua ganhou a teoria que cantava, sempre dentro de uma ou duas horas depois do nascer do sol. Os sons normalmente eram mais relatados nos meses de fevereiro e março, o que seria mais um reflexo da temporada turística do que um padrão real.
O que realmente sucedia era que a acumulação da umidade durante a noite evaporava com o surgimento dos primeiros raios do sol, emitindo um som. O historiador grego Estrabão afirmou ter ouvido o som durante uma visita no ano 20 a.C. Estrabão disse que ouviu o canto “como um sopro ou assovio” e para o viajante e geógrafo grego, Pausanias se assemelhava ao som de uma corda de cítara se partindo.
No decorrer dos anos, a estátua foi vandalizada por cristãos e muçulmanos, pois algumas pessoas relatavam poder ouvir a voz do monumento. Que ela fazia profecias ou dava conselhos sábios. Foi por essas e outras que elas foram consideradas como coisas do “diabo” pelos primeiros cristãos, estes então em nome de Jesus depredaram os colossos. Os islâmicos não deixaram por menos, destruíram quase que completamente a estátua, a ponto dessa ficar em pedaços até a altura do tronco.
No começo da era cristã os gregos visitaram o local e associaram a estátua norte ao herói Memnon, filho de Eos, a deusa do amanhecer. De acordo com a lenda, este herói, morto na guerra de Tróia por Aquiles, recebeu a imortalidade de Zeus, dedicando-se a chamar pela sua mãe todas as manhãs. Em 199 d.C o imperador romano Septímio Severo mandou restaurar a estátua, como uma forma de proteger e agradar o oráculo. Ele teria visitado a região, mas não conseguiu escutar o som.
Desde a reconstrução, a estátua parou de cantar. Por mais de dois séculos, as estátuas trouxeram turistas de terras distantes, incluindo vários imperadores romanos. Muitos deles deixaram inscrições na base da estátua relatando terem ouvido o som ou não. Cerca de noventa inscrições ainda são legíveis até hoje.
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